A Odontopediatria e o Câncer Infantil

A chegada de um bebê é sempre motivo de muita alegria: muitos planos são traçados, muitos sonhos são compartilhados, a família se completa! Mas o mundo parece desabar quando, poucos anos depois, um diagnóstico médico interrompe tudo da forma mais abrupta possível. Aquela criança, que corre e brinca esbanjando alegria, está com câncer.
A palavra “câncer” tem um peso descomunal. Pra muita gente, falar da doença ainda é um tabu, gera um desconforto tremendo. E quando a doença atinge uma criança, parece que seu estigma fica ainda maior. Por mais que as possibilidades de cura de crianças com câncer tenham aumentado, muito provavelmente devido aos diferentes tipos de medicamentos que surgem a cada dia, diagnosticar uma criança com essa doença é como jogar uma bomba no seio da família. Mas, passado o impacto da notícia e o abalo emocional, é preciso encontrar forças para erguer a cabeça e encher o peito de coragem para enfrentar o tratamento.
Segundo a literatura científica, cerca de 90% dos pacientes oncológicos infantis podem sofrer complicações bucais de alguma espécie sendo que, nas crianças, a ocorrência dessas complicações pode ser até 3 vezes maior do que em pacientes adultos. Ou seja: a participação do odontopediatra no tratamento oncológico é de importância fundamental para o paciente infantil!
Logo que a doença é diagnosticada, é importante que a criança passe por uma avaliação odontológica. Caso haja a necessidade de alguma intervenção, é fundamental que a mesma seja feita antes da terapia anti-neoplásica evitando, assim, os períodos de imunossupressão e de baixa quantidade de células sanguíneas. Através de uma radiografia panorâmica e de uma avaliação clínica, o odontopediatra tem condições de analisar qual a conduta dever ser adotada para cada paciente. Dentes de leite que estejam esfoliando (ficando moles) devem ser extraídos, o uso de aparelhos (fixos e removíveis) deve ser suspenso, lesões de cárie e tratamento de canal devem ser feitos o quanto antes. Além disso, uma orientação sobre a dieta do paciente deve ser passada aos pais, mostrando os alimentos que devem ser evitados e quais estão indicados.

E quais as manifestações bucais mais comuns em crianças com câncer?
  • Mucosite – inflamação, podendo ou não ser seguida de ulceração, na mucosa oral. Ocorre na parte interna da bochecha, palato mole, borda lateral da língua e assoalho bucal (embaixo da língua).
  • Xerostomia – conhecida como “boca seca”, é quando ocorre uma grande diminuição ou até mesmo uma interrupção na produção de saliva.
  • Infecções – todas elas oportunistas, aproveitando que o sistema imunológico do paciente está em baixa devido à ação dos medicamentos. Podem ser de origem fúngica, como a candidíase; viral, como a herpes; ou bacteriana.
  • Sangramento gengival espontâneo – devido à baixa quantidade de plaquetas (células responsáveis pela coagulação sanguínea), o simples atrito com a gengiva pode provocar hemorragia.
O acompanhamento do odontopediatra deve se dar ao longo de todo o tratamento oncológico. A orientação sobre como deve ser feita a higiene oral do paciente é fundamental para trazer um pouco de alívio e conforto para a criança, além de evitar que doenças oportunistas se instalem.
Enfim, cuidar de uma criança que luta contra um câncer não é uma tarefa fácil. Mas, com toda a certeza, a família não estará sozinha nessa empreitada. Família, amigos, médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais. Todos se mobilizarão para não deixar apagar aquilo que há de mais importante: a alegria e o sorriso dessa criança.


Fonte: Blog do Tio Dentista

O Sorriso é a curva mais bela do corpo de qualquer pessoa!!!

Bjkas sorridentes da Dra. Amorella